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Análise nanoestrutural SAXS

O SAXS é um método não destrutivo para investigar nanoestruturas em líquidos e sólidos. Num experimento de SAXS, o feixe de raio X atinge uma amostra nanoestruturada, por exemplo, proteínas, macromoléculas ou dispersões de nanopartículas.  As propriedades de um material em geral estão relacionadas com a estrutura e disposição dos domínios em nanoescala. Para compreender a relação entre o tamanho, formato e disposição das nanoestruturas e seu comportamento macroscópico, é necessário analisar com exatidão essas estruturas. Há vários métodos estruturais clássicos (muitos deles métodos de imagem), como a microscopia (AFM, MET), que são usados para a caracterização de materiais nanoestruturados. Esses métodos, no entanto, possuem a desvantagem de que a média, ou seja, resultados representativos de uma amostra, dificilmente podem ser obtidos. A dispersão de raios X de baixo ângulo (SAXS) complementa de maneira ideal os métodos microscópicos, uma vez que fornece informações estruturais representativas sobre uma grande área de amostra.

Princípios básicos de espalhamento de raios X de baixo ângulo (SAXS)

Os primeiros usos do método SAXS datam de meados do século XX, quando seus princípios fundamentais foram desenvolvidos e foram feito os primeiros experimentos. Guinier e Fornet [1] usaram o SAXS para estudar a nanoestrutura das ligas metálicas, Kratky [2] aplicou o SAXS para a caracterização de macromoléculas (biológicas) em solução. Hoje as investigações do SAXS são feitas em grandes linhas de luz síncronton a e em modernos sistemas de SAXS de laboratório. Cada sistema de SAXS consiste de uma fonte de raios X, um sistema de colimação, um estágio de amostra e um detector. Um software apropriado é usado para processar e avaliar os dados de espalhamento medidos.

Como funciona uma experimento de SAXS

SAXS experiment graph

Fig. 1: Principle of a SAXS experiment

A fonte de raios X emite um feixe de raios X que interage com os elétrons da amostra e está espalhada. O padrão de espalhamento detectado é característico das nanoestruturas da amostra e pode ser usado para determinar parâmetros estruturais importantes, tais como tamanho das partículas, forma, estrutura interna, porosidade e disposição (orientação). 

  • Veja como funciona o SAXS em nosso filme de um minuto "SAXS com S"

Ângulos baixos e altos: a diferença

SAXS and WAXS graph

Fig. 2: SAXS and WAXS

As radiografias dispersas podem ser registradas em diferentes ângulos. Em geral, pode ser dito: Quanto maiores forem as partículas de uma amostra, menor será o ângulo de espalhamento. No SAXS, o padrão de espalhamento em baixos ângulos é analisado, normalmente abaixo de 10° 2, para sondar partículas de tamanho nanométrico e domínios numa faixa de tamanho de aproximadamente D ~ 1 a 100 nm, que se dispersam em direção a esses pequenos ângulos. Em WAXS (espalhamento de raio X a altos ângulos), são investigadas estruturas menores, tais como as redes cristalinas a nível atômico. Aqui os raios x espalhados são interpretados em ângulos maiores. O padrão WAXS obtido permite a análise de estruturas abaixo do tamanho nanométrico (d < 1 nm), tais como átomos e distâncias interatômicas que se espalham para ângulos maiores.<br/>

Tipos de colimação

Collimation types

Fig. 3: Collimation

Antes do espalhamento, ou seja, ao atingir a amostra, os raios X são transformadas em um feixe bem definido em forma de linha ou em forma de ponto. Esse processo é chamado de colimação. Cada tipo de colimação em um sistema SAXS é ideal para diferentes aplicações. Um feixe colimado em linhas tem a vantagem de combinar um alto fluxo de fótons com um alto volume de espalhamento - o que significa que os tempos de medição podem ser drasticamente mais curtos do que com a colimação em ponto. A desvantagem de um feixe colimado em linha é que ele só pode analisar amostras isotrópicas. Portanto, um feixe em forma de linha é preferível para analisar amostras com pouco espalhamento, tais como proteínas e outras matérias macias. Um feixe colimado em ponto pode ser usado também para analisar amostras anisotrópicas, tais como fibras ou sólidos porosos. A colimação em ponto permite sondar pequenas áreas de amostra e determinar sua nanoestrutura local, com o inconveniente de tempos de medição mais longos.

Parâmetros e aplicações do SAXS

SAXS parameters

Fig. 3: Parameters that are determined with SAXS instruments

  • Forma
  • Tamanho
  • Estrutura interna
  • Cristalinidade
  • Porosidade
  • Orientação

Benefícios exclusivos do SAXS

Resultados representativos

Os resultados do SAXS são representativos de uma amostra completa, então o SAXS complementa de maneira ideal os métodos que fornecem informações exclusivas, mas locais, tais como o microscópio eletrônico. As amostras de filmes finos nanoestruturados podem ser analisadas aplicando um raio X incidente que incide de forma rasante na amostra em um ângulo de incidência muito baixas: o método GISAXS (Grazing-incidence SAXS) complementa idealmente as técnicas de microscopia, fornecendo informações representativas que são válidas para um grande volume de amostras. 

Poucos recursos necessários para preparo da amostra

Em relação ao tratamento de amostras, o SAXS quase não requer nenhum preparo de amostra. Isso diferencia ele de técnicas complementares tais como microscópio eletrônico ou espectroscópio NMR, que, muitas vezes, exigem uma preparação extensiva da amostra. E como o SAXS permite medições in-situ, os instrumentos de preparação não são necessários e a amostra permanece inalterada.

Análise de materiais biológicos em seu estado original

O SAXS também se destaca pelo fato de poder ser usado para investigar macromoléculas biológicas em solução, isto é, em condições fisiológicas. Essa aplicação cada vez mais popular conhecida como BioSAXS é uma ferramenta de vital importância para a biologia molecular, onde a análise de amostras no estado original das mesmas é essencial para o estudo dos processos dinâmicos nos quais a amostra está envolvida.

Conclusão

Hoje o SAXS é uma ferramenta frequentemente usada para analisar o tamanho, forma e estrutura interna de materiais nanométricos, em pesquisas fundamentais e cada vez mais em análises de rotina, por exemplo, estudos ambientalmente relevantes de nanopartículas. O método fornece resultados representativos e, portanto, complementa de maneira ideal as técnicas relacionadas à análise de nanoestruturas como a microscopia atômica/eletrônica ou a RMN. O SAXS cobre muitas aplicações diferentes, incluindo amostras biológicas (proteínas, lipídios), dispersões de nanopartículas, emulsões, surfactantes, metais, polímeros, fibras, catalisadores e muitas outras.

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Referências

  1. Guinier A. e Fournet G. (1955). Dispersão de raios X a baixo ângulo. Nova Iorque: Wiley.
  2. Kratky O. e Glatter O. (1982). Dispersão de raios-X a baixo ângulo. London: Academic.